Tudo possui um início e um fim. Não é diferente com os humanos que também fazem parte do todo. E foi pensando no começo e no fim de tudo e de todos que se criou o Mercado Escatológico. É um mercado singular, atípico que possui uma imensa variedade de produtos culturais decadentes– CDs, DVDs, livros, programas de computador, revistas, jogos, etcétera. Ainda que esses produtos sejam de péssima qualidade, não são de todo descartáveis: podem ser úteis para a transformação e o desenvolvimento do caráter e da intelectualidade do indivíduo.
Lá é possível encontrar livros da Sabrina e Júlia e alguns exemplares do Paulo Coelho a um precinho bem camarada: 15 centavos cada exemplar; kit da Britney Spears com CD, DVD, DVDokê, letras de música (originais e traduzidas), por apenas 2 reais! Novelas que Marcaram Minhas Tardes, DVD que reúne as piores produções de telenovelas da Rede Globo, cinco reais! Há também uma ampla e diversificada revistaria com muitos jornais de vários ontem e revistas velhas e ultrapassadas. Caso o leitor seja proprietário de algum consultório tem agora uma mais uma opção para entreter seus pacientes.
Para quem gosta de filme reflexivos, cults vai se decepcionar com os títulos da videoteca do Mercado Escatológico: Benji, todos os filmes do Ernest, Batman e Robim, Gasparzinho encontra com a bruxinha não sei o quê, todos os filmes da Xuxa, todos os filmes com Van Dame e Steven Seagal, e muitos outros filmes repletos de chavões, clichês e roteiros enfadonhos. No Mercado Escatológico há também uma agência de fracassados atores para aqueles produtores, diretores e demais profissionais dos mais diferentes ramos do audiovisual e do teatro possam escolher um ou outro profissionalzinho cênico para ocupar um papel do mais insignificante possível. Lembrando sempre o valor desses profissionais - uma bagatela.
E caso o nosso querido leitor possua alguma produção cultural defasada, falida, tosca, alguma peça de teatro que não atraiu público e nem tampouco atores para representar os papéis, filmes sem-pé-nem-cabeça, vídeos, enfim qualquer coisa que não preste, mande para o Mercado Escatológico. Lá eles compram e trocam suas mercadorias culturais avariadas ou que não tenham atingido seus objetivos.
É assim que funciona. Nem sempre o fim não presta, ou o que é ridículo é imprestável, ou aquilo que parece estar estragado é inútil. Reutilizar não apenas matérias, mas também idéias . REDUZIR, REUTILIZAR e RECICLAR, os três Rs fundamentais para a preservação do nosso planeta também é válido para a preservação e desenvolvimento do nosso caráter e da nossa forma de pensar o mundo.
terça-feira, 26 de agosto de 2008
terça-feira, 20 de maio de 2008
Como é a letra?
sábado, 3 de maio de 2008
A Música do Silêncio - Relação entre pintura e música
Desde a Antiguidade, os músicos aproveitaram a linguagem das cores para traduzir seus conceitos abstratos; de fato, são vários os empréstimos semânticos que uma arte há feito da outra. A cor, croma entre os gregos, é uma palavra que se usa como equivalente de timbre. O adjetivo brilhante é empregado pelos músicos no sentido de nítido.
Não obstante, ainda que os exemplos sejam menores, o mesmo sucede o inverso, pois os termos tom e harmonia foram uma herança que a música importou da pintura. A chamada escala cromática, na música, Rousseau explicaria: “... a escala cromática está em meio a diatônica e a enarmônica, assim como a cor está entre o branco e o negro. Ou bem porque o cromatismo estabelece ao diatônico com seus semitons, que possuem, na música, o mesmo efeito que a variedade das cores tem na pintura.” Além disso, foi ele quem tranqüilizou seus contemporâneos ao assinalar que os sons não podem ser isolados, separados uns dos outros tal como sucede com as cores.
Dentro deste debate os românticos se interessaram pelas afinidades e discrepâncias existentes entre as duas disciplinas. Músicos a altura de Wagner relacionaram as cores com a expressão musical, e Chopin dizia que a lógica de sucessão dos sons, reflexão aureolar, era um fenômeno análogo a reflexão das cores. As fronteiras entre a música e a pintura se encurtaram mais no Romantismo, quando se despertou a paixão pelo cromatismo e proliferaram as composições do tipo pintura musical ou música de programa, em que esta toma como base uma representação extra musical, frequentemente pictórica, narrativa ou poética, e esta permanecem descritas nos programas de mão que se repartem entre o público.
Henri Matisse era violinista, o mesmo que Paul Klee. Este último opinava que a música e a pintura viviam em épocas distintas e, por tanto, eram artes defasadas. Dado que a música já havia resolvido o problema da abstração no século XVIII, a pintura teria que começar pelo barroco e superar a confusão que trouxe a música do século XIX. Outro maestro da Bauhaus, colega de Kandinsky e de Klee, Johannes Itten, criaria um sistema dodecafônico, dividido em cores quentes para as quintas e cores frias para as quartas. O projeto de Henri Lagresille, chamado método Lagresille em sua honra, trata de traduzir as obras maestrais da música clássica em quadros de cor, assinando equivalentes destes a certos acordes e movimentos musicais, que fizeram de uma ttocata de Bach um esplêndido mosaico multicor de suaves celestes e fortes púrpuras.
terça-feira, 22 de abril de 2008
O Monstro da Lagoa Qualquer (Uma paródia do suspense e terror hollywoodiano.)
Jack e Emma eram namorados. Eles se amavam muito. Estão se amando nesse momento. Mas que pouca vergonha! Enquanto eu estou aqui escrevendo este texto o casal está ali se lambendo e se amassando.
Continuando.
Jack e Emma não podiam se amar na casa de Jack porque os pais dele estavam lá e não podiam se amar na casa de Emma porque os pais dela estavam lá. Eles possuíam uma família muito muito grande e todos estavam presentes, os parentes dele na casa dele e os parentes dela na cassa dela.
Jack pensou na possibilidade de continuarem se amando em algum motel mas, depois de consultar seu bolso, viu que estava sem dinheiro. O motel estava fora de cogitação. Jack estava desempregado. Então Emma teve uma idéia:
- Que tal se continuássemos o nosso amor na beira de algum lago?
- Humm... - pensou Jack. Que lago?
- A Lagoa Qualquer! Que tal?
- Mas e se por acaso algum monstro da lagoa nos atacar?
- Deixa de bobeira, Jack. Monstros da lagoa não existem.
Jack concordou. Sim era uma boa idéia, ele e ela a sós na beira de uma lagoa sem monstro e sem ninguém para atrapalhar.
Emma e Jack se amaram mais um pouco antes de partir. Não paravam de se amar. Ei! Alguém precisa abrir a porta do carro! Finalmente deram uma pausa. Jack e Emma entraram no carro. Jack conferiu o ponteiro do medidor de gasolina: um quarto de tanque. É dá pra ir. Se cortar caminho podem até voltar e sobra um pouco de combustível para ele procurar emprego amanhã.
Jack ligou o carro. Olhou para Emma. Ela olhou para ele. Se beijaram mais um pouco e seguiram em frente pela Alameda das Lamentações virando a próxima á esquerda, entrando na Rua das Lágrimas, depois seguindo em direção ao Norte até o início de uma estrada de terra, a Estrada Chora-Chora. Continuaram mais alguns kilômetros em frente até chegarem a um bosque tenebroso com árvores horripilantes. Como ainda estava de dia, eram cinco horas da tarde aproximadamente, as árvores não pareciam assim tão assustadoras. Mas quando anoitecia... Sinto um calafrio só de pensar nesse bosque.
Estacionaram o carro em uma pequena clareira. Desceram e seguiram por uma trilha até chegarem a uma imensa lagoa negra, com aquelas árvores horríveis beirando a margem.
Começaram a se amar loucamente. Não se sabe por quê, mas Jack sentiu uma vontade inexorável de lavar os pés:
- Querida.
- Sim querido?
- Preciso lavar meus pés.
- Por que?
- Não sei, mas sinto que preciso lavar meus pés.
- !? - foi a resposta de Emma.
Jack tirou o tênis e seguiu para a lagoa. Sentou na beira e colocou seus pés dentro d'água. Enquanto lavava seus pés, Jack observou alguma coisa estranha flutuando na água. Depois viu algumas bolhas. As bolhas aumentavam. E a água borbulhava cada vez mais. E mais e mais. "Será que é alguma lagoa térmica?", pensou Jack. Então ele resolveu conferir. Foi para as bolhas. E de repente - oh não! - Jack foi atacado por alguma coisa estranha! E se debatia e se afogava.
- Socoorrrooo!! Socoorrrooo!! glubglubglubglub - esperneava Jack. Socoorrrooo!! Socoorrrooo!! glubglubglubglub
Emma ouviu os berros e imediatamente foi ver o que estava acontecendo com seu namorado. Quando chegou na beira da lagoa já haviam acabado o pedido de socorro e as bolhas, e foi tudo assim muito rápido, bem rápido, cinco minutos ou menos, sabe? Aí Emma viu que a mão do seu amado estava boiando n'água e foi logo socorrê-lo mas quando ela puxou aquela mão - essa não! -
veio junto com ela o antebraço do seu namorado e Emma soltou um grito de nojo ao ver aquele pedaço de gente e sentiu uma náusea, uma vontade de vomitar, e soltou uma exclamação assim: "Aaarrghhh, que nojo!" O curioso é que Emma não sentia nojo do antebraço quando ele fazia parte do corpo do seu falecido namorado mas agora... agora que estava separado, ela não suportava ver aquele pedaço de corpo... Essas mulheres!
Já passava das seis horas da tarde. Emma estava com medo. As ávores tenebrosas estavam ficando cada vez mais tenebrosas. Arremessou o antebraço do seu amado na água, bem longe. Então as bolhas voltaram. E foram ficando cada vez mais intensa, mais forte e mais forte e mais forte e Emma estava paralizada diante daquela cena horripilante e, de repente, um mostro exdrúxulo, horrível, medonho, amedrontador, muito muito feio, bizarro, terrível, surgiu na superfície daquela lagoa negra, diante da pobrezinha da Emma. Aí ela saiu em disparada. Começou a correr. E corria e corria muito. Muito mesmo. Corre Emma! Emma não fumava e não bebia e há tempos vinha treinando para a corrida de São Silvestre por isso era ela uma exímia corredora. E continuava correndo. Mas o monstro também corria muito. "Será que ele também tá treinando para a São Silvestre?", pensou Emma. "Ah, mas de mim ele não vai ganhar. Não mesmo!" E o monstro estava há apenas alguns metros de distância de Emma, talvez cinco metros, ou quatro e meio, talvez três, sei lá, só sei que estava próximo de Emma. "Onde será que esse monstro faz academia?"E continuava correndo. E o monstro atrás dela. Mas de repente - aiaiai! - Emma tropeça na raiz de uma árvore horripilante e cai e começa a gritar de dor e a se espernear de dor e a se contorcer de dor e o monstro se aproximando cada vez mais e mais dela e ela procura em sua bolsa o Gelol e não enconctra o potinho de Gelol, Emma onde foi que você deixou o Gelol?! "Na mesa da cozinha!" Essa não! Agora o monstro estava cara a cara com Emma e Emma gritava:
- Ahhhhh!!! Socorrroooooo!!! Ahhhhh!!! Socorrroooooo!!! Ahhhhh!!! Socorrroooooo!!!
E o monstro grunhia:
- Grrblllllrrrggbllglu!! Grrblllllrrrggbllglu!! Grrblllllrrrggbllglu!!
E Emma continuava a gritar:
- Ahhhhh!!! Socorrroooooo!!! Ahhhhh!!! Socorrroooooo!!! Ahhhhh!!! Socorrroooooo!!!
E o monstro aquático com cabeça de tilápia e braços humanos e guelras e escamas e meio peixe meio homem estava se aproximando de Emma até que - finalmente! - ouviu-se um estampido: baaammm. Aí o monstro e Emma ficaram quietos. E mais uma vez o estampido: baaaammmm.
E o monstro soltou outro grunhido horrível aí em meio a mata fechada surgiu uma figura alta e musculosa carregando um calibre 12 nas mãos e, baaaammm, um último tiro direto na cabeça do bicho. O infeliz sem cabeça caiu no chão.
Emma, com muita dificuldade, se levantou e, chorando e soluçando, abraçou o seu herói e colocou a cabeça no peito dele e depois levantou sutilmente o pézinho esquerdo e o herói, com um braço em volta de Emma e o outro segurando a 12 ficou assim, com pose de capa de gibi do Conan, e a câmera foi se distanciando lentamente, um zoom aut, e o herói ficou a olhar para o horizonte com um penteado de He-Man.
E viveram felizes para sempre.
FIM
Continuando.
Jack e Emma não podiam se amar na casa de Jack porque os pais dele estavam lá e não podiam se amar na casa de Emma porque os pais dela estavam lá. Eles possuíam uma família muito muito grande e todos estavam presentes, os parentes dele na casa dele e os parentes dela na cassa dela.
Jack pensou na possibilidade de continuarem se amando em algum motel mas, depois de consultar seu bolso, viu que estava sem dinheiro. O motel estava fora de cogitação. Jack estava desempregado. Então Emma teve uma idéia:
- Que tal se continuássemos o nosso amor na beira de algum lago?
- Humm... - pensou Jack. Que lago?
- A Lagoa Qualquer! Que tal?
- Mas e se por acaso algum monstro da lagoa nos atacar?
- Deixa de bobeira, Jack. Monstros da lagoa não existem.
Jack concordou. Sim era uma boa idéia, ele e ela a sós na beira de uma lagoa sem monstro e sem ninguém para atrapalhar.
Emma e Jack se amaram mais um pouco antes de partir. Não paravam de se amar. Ei! Alguém precisa abrir a porta do carro! Finalmente deram uma pausa. Jack e Emma entraram no carro. Jack conferiu o ponteiro do medidor de gasolina: um quarto de tanque. É dá pra ir. Se cortar caminho podem até voltar e sobra um pouco de combustível para ele procurar emprego amanhã.
Jack ligou o carro. Olhou para Emma. Ela olhou para ele. Se beijaram mais um pouco e seguiram em frente pela Alameda das Lamentações virando a próxima á esquerda, entrando na Rua das Lágrimas, depois seguindo em direção ao Norte até o início de uma estrada de terra, a Estrada Chora-Chora. Continuaram mais alguns kilômetros em frente até chegarem a um bosque tenebroso com árvores horripilantes. Como ainda estava de dia, eram cinco horas da tarde aproximadamente, as árvores não pareciam assim tão assustadoras. Mas quando anoitecia... Sinto um calafrio só de pensar nesse bosque.
Estacionaram o carro em uma pequena clareira. Desceram e seguiram por uma trilha até chegarem a uma imensa lagoa negra, com aquelas árvores horríveis beirando a margem.
Começaram a se amar loucamente. Não se sabe por quê, mas Jack sentiu uma vontade inexorável de lavar os pés:
- Querida.
- Sim querido?
- Preciso lavar meus pés.
- Por que?
- Não sei, mas sinto que preciso lavar meus pés.
- !? - foi a resposta de Emma.
Jack tirou o tênis e seguiu para a lagoa. Sentou na beira e colocou seus pés dentro d'água. Enquanto lavava seus pés, Jack observou alguma coisa estranha flutuando na água. Depois viu algumas bolhas. As bolhas aumentavam. E a água borbulhava cada vez mais. E mais e mais. "Será que é alguma lagoa térmica?", pensou Jack. Então ele resolveu conferir. Foi para as bolhas. E de repente - oh não! - Jack foi atacado por alguma coisa estranha! E se debatia e se afogava.
- Socoorrrooo!! Socoorrrooo!! glubglubglubglub - esperneava Jack. Socoorrrooo!! Socoorrrooo!! glubglubglubglub
Emma ouviu os berros e imediatamente foi ver o que estava acontecendo com seu namorado. Quando chegou na beira da lagoa já haviam acabado o pedido de socorro e as bolhas, e foi tudo assim muito rápido, bem rápido, cinco minutos ou menos, sabe? Aí Emma viu que a mão do seu amado estava boiando n'água e foi logo socorrê-lo mas quando ela puxou aquela mão - essa não! -
veio junto com ela o antebraço do seu namorado e Emma soltou um grito de nojo ao ver aquele pedaço de gente e sentiu uma náusea, uma vontade de vomitar, e soltou uma exclamação assim: "Aaarrghhh, que nojo!" O curioso é que Emma não sentia nojo do antebraço quando ele fazia parte do corpo do seu falecido namorado mas agora... agora que estava separado, ela não suportava ver aquele pedaço de corpo... Essas mulheres!
Já passava das seis horas da tarde. Emma estava com medo. As ávores tenebrosas estavam ficando cada vez mais tenebrosas. Arremessou o antebraço do seu amado na água, bem longe. Então as bolhas voltaram. E foram ficando cada vez mais intensa, mais forte e mais forte e mais forte e Emma estava paralizada diante daquela cena horripilante e, de repente, um mostro exdrúxulo, horrível, medonho, amedrontador, muito muito feio, bizarro, terrível, surgiu na superfície daquela lagoa negra, diante da pobrezinha da Emma. Aí ela saiu em disparada. Começou a correr. E corria e corria muito. Muito mesmo. Corre Emma! Emma não fumava e não bebia e há tempos vinha treinando para a corrida de São Silvestre por isso era ela uma exímia corredora. E continuava correndo. Mas o monstro também corria muito. "Será que ele também tá treinando para a São Silvestre?", pensou Emma. "Ah, mas de mim ele não vai ganhar. Não mesmo!" E o monstro estava há apenas alguns metros de distância de Emma, talvez cinco metros, ou quatro e meio, talvez três, sei lá, só sei que estava próximo de Emma. "Onde será que esse monstro faz academia?"E continuava correndo. E o monstro atrás dela. Mas de repente - aiaiai! - Emma tropeça na raiz de uma árvore horripilante e cai e começa a gritar de dor e a se espernear de dor e a se contorcer de dor e o monstro se aproximando cada vez mais e mais dela e ela procura em sua bolsa o Gelol e não enconctra o potinho de Gelol, Emma onde foi que você deixou o Gelol?! "Na mesa da cozinha!" Essa não! Agora o monstro estava cara a cara com Emma e Emma gritava:
- Ahhhhh!!! Socorrroooooo!!! Ahhhhh!!! Socorrroooooo!!! Ahhhhh!!! Socorrroooooo!!!
E o monstro grunhia:
- Grrblllllrrrggbllglu!! Grrblllllrrrggbllglu!! Grrblllllrrrggbllglu!!
E Emma continuava a gritar:
- Ahhhhh!!! Socorrroooooo!!! Ahhhhh!!! Socorrroooooo!!! Ahhhhh!!! Socorrroooooo!!!
E o monstro aquático com cabeça de tilápia e braços humanos e guelras e escamas e meio peixe meio homem estava se aproximando de Emma até que - finalmente! - ouviu-se um estampido: baaammm. Aí o monstro e Emma ficaram quietos. E mais uma vez o estampido: baaaammmm.
E o monstro soltou outro grunhido horrível aí em meio a mata fechada surgiu uma figura alta e musculosa carregando um calibre 12 nas mãos e, baaaammm, um último tiro direto na cabeça do bicho. O infeliz sem cabeça caiu no chão.
Emma, com muita dificuldade, se levantou e, chorando e soluçando, abraçou o seu herói e colocou a cabeça no peito dele e depois levantou sutilmente o pézinho esquerdo e o herói, com um braço em volta de Emma e o outro segurando a 12 ficou assim, com pose de capa de gibi do Conan, e a câmera foi se distanciando lentamente, um zoom aut, e o herói ficou a olhar para o horizonte com um penteado de He-Man.
E viveram felizes para sempre.
FIM
sexta-feira, 28 de março de 2008
Como você lida com a perda?
Não são todas as pessoas que aceitam perder. Há livros de auto-ajuda que nos "ensinam" a ganhar, vomitam discursos persuasivos e argumentam que fomos, um dia, uma célula vencedora e que nascemos para ganhar, sempre, e que não nascemos para perder, nunca.
É frustrante quando perdemos a carteira com todos os documentos, cartão do banco, e (menos mal) alguns trocados; ou quando se estaciona o carro em algum lugar, faz o que tem que ser feito e quando volta, o carro não está mais lá; perder o último capítulo da novela; perder no jogo em geral; perder a vontade de seguir carreira como ator, pois na última apresentação só havia duas pessoas na platéia; perder a paciência com os pais, com os filhos, namorada ou namorado, amigo ou amiga; perder a confiança em alguém em quem confiávamos cem por cento e, em consequência, perder, por apenas um momento, o contentamento; e, por fim, perder a pessoa amada.
Competir é uma característica dos seres vivos mas só o Homem possui a consciência de que tadas as coisas possuem uma dupla existência. E, a parir deste momento, perder passa a ser inaceitável. Se não houver uma competição não há vitória e nem derrota. Essa determinação humana de estar sempre na frente é responsável pela alta evolução do sapiens ao longo desses 40.000 anos de existência da consciência e também pela origem do erro no decurso da história da humanidade. O Homem é um ser errante por natureza. E através do erro encontra-se a forma correta do acerto.
Nem sempre perder é uma maldição. Mas é preciso saber como. Como lidar com a perda.
É frustrante quando perdemos a carteira com todos os documentos, cartão do banco, e (menos mal) alguns trocados; ou quando se estaciona o carro em algum lugar, faz o que tem que ser feito e quando volta, o carro não está mais lá; perder o último capítulo da novela; perder no jogo em geral; perder a vontade de seguir carreira como ator, pois na última apresentação só havia duas pessoas na platéia; perder a paciência com os pais, com os filhos, namorada ou namorado, amigo ou amiga; perder a confiança em alguém em quem confiávamos cem por cento e, em consequência, perder, por apenas um momento, o contentamento; e, por fim, perder a pessoa amada.
Competir é uma característica dos seres vivos mas só o Homem possui a consciência de que tadas as coisas possuem uma dupla existência. E, a parir deste momento, perder passa a ser inaceitável. Se não houver uma competição não há vitória e nem derrota. Essa determinação humana de estar sempre na frente é responsável pela alta evolução do sapiens ao longo desses 40.000 anos de existência da consciência e também pela origem do erro no decurso da história da humanidade. O Homem é um ser errante por natureza. E através do erro encontra-se a forma correta do acerto.
Nem sempre perder é uma maldição. Mas é preciso saber como. Como lidar com a perda.
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