Jack e Emma eram namorados. Eles se amavam muito. Estão se amando nesse momento. Mas que pouca vergonha! Enquanto eu estou aqui escrevendo este texto o casal está ali se lambendo e se amassando.
Continuando.
Jack e Emma não podiam se amar na casa de Jack porque os pais dele estavam lá e não podiam se amar na casa de Emma porque os pais dela estavam lá. Eles possuíam uma família muito muito grande e todos estavam presentes, os parentes dele na casa dele e os parentes dela na cassa dela.
Jack pensou na possibilidade de continuarem se amando em algum motel mas, depois de consultar seu bolso, viu que estava sem dinheiro. O motel estava fora de cogitação. Jack estava desempregado. Então Emma teve uma idéia:
- Que tal se continuássemos o nosso amor na beira de algum lago?
- Humm... - pensou Jack. Que lago?
- A Lagoa Qualquer! Que tal?
- Mas e se por acaso algum monstro da lagoa nos atacar?
- Deixa de bobeira, Jack. Monstros da lagoa não existem.
Jack concordou. Sim era uma boa idéia, ele e ela a sós na beira de uma lagoa sem monstro e sem ninguém para atrapalhar.
Emma e Jack se amaram mais um pouco antes de partir. Não paravam de se amar. Ei! Alguém precisa abrir a porta do carro! Finalmente deram uma pausa. Jack e Emma entraram no carro. Jack conferiu o ponteiro do medidor de gasolina: um quarto de tanque. É dá pra ir. Se cortar caminho podem até voltar e sobra um pouco de combustível para ele procurar emprego amanhã.
Jack ligou o carro. Olhou para Emma. Ela olhou para ele. Se beijaram mais um pouco e seguiram em frente pela Alameda das Lamentações virando a próxima á esquerda, entrando na Rua das Lágrimas, depois seguindo em direção ao Norte até o início de uma estrada de terra, a Estrada Chora-Chora. Continuaram mais alguns kilômetros em frente até chegarem a um bosque tenebroso com árvores horripilantes. Como ainda estava de dia, eram cinco horas da tarde aproximadamente, as árvores não pareciam assim tão assustadoras. Mas quando anoitecia... Sinto um calafrio só de pensar nesse bosque.
Estacionaram o carro em uma pequena clareira. Desceram e seguiram por uma trilha até chegarem a uma imensa lagoa negra, com aquelas árvores horríveis beirando a margem.
Começaram a se amar loucamente. Não se sabe por quê, mas Jack sentiu uma vontade inexorável de lavar os pés:
- Querida.
- Sim querido?
- Preciso lavar meus pés.
- Por que?
- Não sei, mas sinto que preciso lavar meus pés.
- !? - foi a resposta de Emma.
Jack tirou o tênis e seguiu para a lagoa. Sentou na beira e colocou seus pés dentro d'água. Enquanto lavava seus pés, Jack observou alguma coisa estranha flutuando na água. Depois viu algumas bolhas. As bolhas aumentavam. E a água borbulhava cada vez mais. E mais e mais. "Será que é alguma lagoa térmica?", pensou Jack. Então ele resolveu conferir. Foi para as bolhas. E de repente - oh não! - Jack foi atacado por alguma coisa estranha! E se debatia e se afogava.
- Socoorrrooo!! Socoorrrooo!! glubglubglubglub - esperneava Jack. Socoorrrooo!! Socoorrrooo!! glubglubglubglub
Emma ouviu os berros e imediatamente foi ver o que estava acontecendo com seu namorado. Quando chegou na beira da lagoa já haviam acabado o pedido de socorro e as bolhas, e foi tudo assim muito rápido, bem rápido, cinco minutos ou menos, sabe? Aí Emma viu que a mão do seu amado estava boiando n'água e foi logo socorrê-lo mas quando ela puxou aquela mão - essa não! -
veio junto com ela o antebraço do seu namorado e Emma soltou um grito de nojo ao ver aquele pedaço de gente e sentiu uma náusea, uma vontade de vomitar, e soltou uma exclamação assim: "Aaarrghhh, que nojo!" O curioso é que Emma não sentia nojo do antebraço quando ele fazia parte do corpo do seu falecido namorado mas agora... agora que estava separado, ela não suportava ver aquele pedaço de corpo... Essas mulheres!
Já passava das seis horas da tarde. Emma estava com medo. As ávores tenebrosas estavam ficando cada vez mais tenebrosas. Arremessou o antebraço do seu amado na água, bem longe. Então as bolhas voltaram. E foram ficando cada vez mais intensa, mais forte e mais forte e mais forte e Emma estava paralizada diante daquela cena horripilante e, de repente, um mostro exdrúxulo, horrível, medonho, amedrontador, muito muito feio, bizarro, terrível, surgiu na superfície daquela lagoa negra, diante da pobrezinha da Emma. Aí ela saiu em disparada. Começou a correr. E corria e corria muito. Muito mesmo. Corre Emma! Emma não fumava e não bebia e há tempos vinha treinando para a corrida de São Silvestre por isso era ela uma exímia corredora. E continuava correndo. Mas o monstro também corria muito. "Será que ele também tá treinando para a São Silvestre?", pensou Emma. "Ah, mas de mim ele não vai ganhar. Não mesmo!" E o monstro estava há apenas alguns metros de distância de Emma, talvez cinco metros, ou quatro e meio, talvez três, sei lá, só sei que estava próximo de Emma. "Onde será que esse monstro faz academia?"E continuava correndo. E o monstro atrás dela. Mas de repente - aiaiai! - Emma tropeça na raiz de uma árvore horripilante e cai e começa a gritar de dor e a se espernear de dor e a se contorcer de dor e o monstro se aproximando cada vez mais e mais dela e ela procura em sua bolsa o Gelol e não enconctra o potinho de Gelol, Emma onde foi que você deixou o Gelol?! "Na mesa da cozinha!" Essa não! Agora o monstro estava cara a cara com Emma e Emma gritava:
- Ahhhhh!!! Socorrroooooo!!! Ahhhhh!!! Socorrroooooo!!! Ahhhhh!!! Socorrroooooo!!!
E o monstro grunhia:
- Grrblllllrrrggbllglu!! Grrblllllrrrggbllglu!! Grrblllllrrrggbllglu!!
E Emma continuava a gritar:
- Ahhhhh!!! Socorrroooooo!!! Ahhhhh!!! Socorrroooooo!!! Ahhhhh!!! Socorrroooooo!!!
E o monstro aquático com cabeça de tilápia e braços humanos e guelras e escamas e meio peixe meio homem estava se aproximando de Emma até que - finalmente! - ouviu-se um estampido: baaammm. Aí o monstro e Emma ficaram quietos. E mais uma vez o estampido: baaaammmm.
E o monstro soltou outro grunhido horrível aí em meio a mata fechada surgiu uma figura alta e musculosa carregando um calibre 12 nas mãos e, baaaammm, um último tiro direto na cabeça do bicho. O infeliz sem cabeça caiu no chão.
Emma, com muita dificuldade, se levantou e, chorando e soluçando, abraçou o seu herói e colocou a cabeça no peito dele e depois levantou sutilmente o pézinho esquerdo e o herói, com um braço em volta de Emma e o outro segurando a 12 ficou assim, com pose de capa de gibi do Conan, e a câmera foi se distanciando lentamente, um zoom aut, e o herói ficou a olhar para o horizonte com um penteado de He-Man.
E viveram felizes para sempre.
FIM
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2 comentários:
Nossa Rodrigo, adorei sua história.
Achei que a Emma ía morrer rs...
Muito bom...
bjs
hauahuahuahua... sensacional!!!!
kkkk... me rendeu altas risadas no meio da aula... e os alunos me olhando com cara de (?)... adorei a história.. to quase roubando ela pra incorporar no texto da peça q estamos pensando em fazer na Uniso... é uma comédia... aceito palpites inclusive... valew... bjs!
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